quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Aleste

Plataforma analisada: MSX 2
Também disponível para: Sega Master System, Wii (Virtual Console Japonês)
Lançamento: 1988
Distribuidora: Compile
Mídia original: cartucho MEGAROM de 2Mbits (256kb) 
Gênero: nave (shmup)
Já conhecida pelos MSXzeiros da época como a produtora de Zanac, um dos melhores jogos de nave para o primeiro MSX, a Compile lançou Aleste em 1988, o jogo que pode ser considerado um divisor de águas para os jogos de nave na plataforma MSX. O roteiro é genérico, o computador de manutenção ambiental DIA-51 é atacado por uma planta (?!)  e toma conta de tudo, liberando plantas mutadas geneticamente que destroem tudo pelo seu caminho. Na explosão em que isso ocorre, Yuri, a namorada de Ray Wizn, é ferida gravemente. O que as plantas provavelmente ignoravam é que o Ray é o piloto da nave experimental Aleste, que decola apressadamente para impedir o domínio das plantas e, claro, mostrar com quantos paus se faz uma canoa.
Abertura e as plantas que "fogem".
Roteiro nunca foi o forte de nenhum shmup, ignorado esse detalhe, Aleste oferece o que há de melhor na plataforma em 256kb de ROM. Gráficos em Screen 5, suporte aos chips de som PSG (padrão na plataforma) e ao MSX Music (o FM PAC), ação frenética e nível de dificuldade auto-ajustável de acordo com a habilidade do jogador. A nave conta com um canhão padrão e uma arma extra de uso limitado, que pode ser escolhida entre 8 disponíveis no jogo. Tanto o canhão padrão como a arma extra podem ser melhorados, o que deixa o jogador num dilema curioso: quanto melhor o armamento, mais difícil fica o jogo. Mas não existem recargas explícitas da arma extra no jogo, ela recarrega automaticamente ao fazer um power up. Também conta o fato de que ao pegar qualquer power up (arma padrão ou extra) deixa a nave invulnerável por um breve momento. Então o jogador normalmente *QUER* power ups, mas tem que planejar o ritmo em que isso ocorre para que a coisa não fique muito ruim para o lado dele.
Tela título. Aperte as teclas A, L, E, S, e T ao mesmo tempo para ouvir as músicas.
Aleste é historicamente importante para a plataforma MSX 2 por ter sido lançado em um ponto de virada no interesse das produtoras. Apesar do sucesso da linha MSX no Japão, o MSX 2 demorou para decolar como plataforma de jogos. Mesmo grande produtoras, como a Konami, tinham um pé muito firme na produção de conteúdo para o MSX original, visto que toda a série Gradius na plataforma é para esta plataforma. Apenas Episode II tem um suporte adicional para MSX 2, que nem é lá essas coisas. Aleste mostrava claramente as vantagens em se desenvolver um jogo para o MSX 2, como mais memória RAM (64kb no mínimo, contra 8kb mínimos no MSX original) e chip de vídeo mais poderoso que gerava sprites multicoloridos e scroll suave. Aleste simplesmente foi um dos primeiros (se não for o primeiro mesmo) jogos de nave de MSX 2 que não poderiam ser feito em um MSX original com gráficos simplificados.

Capa da versão do Mark III.
Além do MSX, Aleste também foi lançado no Sega Mark III, o Master System ocidental. No ocidente ele foi rebatizado de Power Strike, sendo vendido nos EUA exclusivamente via correio, numa edição bastante limitada e difícil hoje de se conseguir. Na Europa e Austrália o jogo foi vendido normalmente em lojas. O jogo ganhou diversas sequencias, diretas ou não. Ainda no MSX 2, temos Aleste 2 e Aleste Gaiden, que marca o primeiro jogo da série com personagens humanóides (robôs no caso), uma tendência que é forte mesmo hoje em jogos como Shikigami no Shiro ou Gundemonium. Os videogames da SEGA também tiveram Aleste no Game Gear e Musha Aleste no Megadrive, além de uma continuação para Mega CD. O Super Famicom (SNES) teve, provavelmente, o mais refinado dos jogos com Super Aleste, ou Space Megaforce nos EUA.
Estágio 1 do jogo.
A trilha sonora do jogo é um dos destaques, tirando proveito do chip MSX Music, um chip YM2413 da Yamaha para sintetização FM, baseado no padrão OPL, que viria a ser bastante conhecido nas placas Adlib e Soundblaster para PC (nota: o MSX Music é de 1984, vanguarda mesmo). A trilha possui variações entre o eletrônico e o new age, uma mistura bastante conhecida pelos jogadores da série, mas ainda não ia ao extremo do que a plataforma poderia oferecer, coisa que só foi feita em Aleste 2 (falo dele mais tarde). Para quem quiser ouvir as músicas do jogo, basta na tela de tpitulo do jogo pressionar simultaneamente as teclas A, L, E, S, e T.

Jogos como Aleste também são interessantes de se lembrar por serem a última geração de jogos arcade produzidos em massa para computadores pessoais, sejam eles de 8 ou 16 bits. Nesta época, o Famicom (NES) já dominava o mercado japonês e o interesse das produtoras estava migrando para esta plataforma, ao PC Engine (Turbografx 16) e  ao Megadrive. Quem jogou no início dos anos 90 deve lembrar claramente da diferença dos mercados de jogos para videogame e para PC, enquanto que em plataformas um pouco mais antigas, como o MSX, Amiga e Spectrum, essa diferença não era tão clara.

O que tem de bom:
  • Gráficos competentes para a plataforma.
  • Boas músicas, mesmo no chip PSG, o padrão mais simples da plataforma.
  • Dificuldade ajustável ao jogador.
O que não ficou lá essas coisas:
  • Derrotar os chefões dentro do tempo limite ridículo para avançar para a próxima fase. O penúltimo tinha 8 segundos e, por favor, era complicado. Se acabasse o tempo recomeçava a fase, me lembro de ter feito mais de 3 vezes a fase 7 para acabar o jogo.
  • Ainda não sabiam usar bem os sprites do MSX 2. Chegava a doer os olhos com o flicker de metade dos sprites na tela (sério, era grave assim).
  • O efeito sonoro de alguns tiros era irritante, mesmo no MSX Music.
Avaliação 22 anos depois: jogos de nave não são exatamente um gênero que avançou tanto na mecânica, então Aleste continua tão bom de se jogar hoje como no seu lançamento. As possíveis reclamações de um usuário moderno seriam os gráficos, hoje bastante datados e com pouca variação, algo que foi sanado apenas na continuação e, ainda assim, parcialmente. A dificuldade auto-adaptativa do jogo o deixa bastante interessante, oferecendo um desafio crescente até o ponto em que se torne realmente bom no jogo. Se você é fã de jogos de nave, não pode deixar de jogar esse clássico.

Como jogar: use a ROM disponível no ROM World com o OpenMSX no Linux, meu emulador favorito de MSX, ou no BlueMSX se você usa Windows. Cuidado, o jogo é abandonware, então não posso afirmar que é legal distribuir essa ROM. Se você tiver um Wii e usar o serviço Virtual Console japonês, dá para comprar legalmente esse jogo lá.

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